Evangelho de hoje 01/11/2021 (Lc 4,14-22a)

 

Naquele tempo, Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. E veio à cidade de Nazaré onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca.

REFLEXÃO:

 Nesta segunda-feira, a liturgia da Palavra nos convida a refletir sobre o fim último do ser humano, a felicidade. Embora seja este um tema filosófico, ele se encaixa bem no universo teológico, porque Deus nos criou para a vida em plenitude, isto é, para a felicidade. Todavia, acabamos confundindo o conceito de felicidade com sentimentos rasos e passageiros e, em troca destes momentos efêmeros, nos desviamos docaminho de Deus e pecamos.O pecado é consequência da tentação, da falsa promessa de felicidade que o mundo oferece. Entretanto, nós, por falta de conhecimento das coisas de Deus, acabamos por desobedecer-lhe e caímos nas tentações. Mesmo assim, o Senhor não nos abandona nas nossas misérias e nas enrascadas em que entramos, como podemos perceber na primeira leitura de hoje, na qual Paulo faz uma ode à misericórdia de Deus e mostra o quanto ele é misericordioso para conosco. Apesar da nossa desobediência, Deus, que é infinitamente misericordioso, nos perdoa e quer que continuemos no seu caminho. Nisso consiste a profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus, diz Paulo. Nunca vamos entender racionalmente Deus e os seus mistérios, porque seus juízos são inescrutáveis e impenetráveis são os seus caminhos, mas seu amor para conosco e a sua misericórdia nos possibilitam fazer parte desse mistério e atingir a felicidade suprema. O caminho nós encontramos por meio de Jesus e do seu evangelho. No evangelho de hoje, Jesus ensina a receita para ser feliz: doar-se sem esperar nada em troca, sem esperar retribuição humana, pois toda retribuição humana consiste numa felicidade passageira. A felicidade suprema consiste em receber a recompensa de Deus e não dos homens. Enquanto permanecermos num sistema de trocas simbólicas entre nós, fazendo algo em vista de obter uma resposta igual ou superior àquilo que fizemos, seremos seres vazios e insatisfeitos, sempre querendo mais e mais e mantendo uma lacuna interior a ser preenchida que se estampa em nosso rosto em forma de tristezas e insatisfações. Infelizmente a maior parte de  nossos atos e de nossas relações com o próximo consiste nesta troca de favores, que confundimos com a felicidade teológica, a única que completa o ser humano.Jesus foi convidado para uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Esseconvite foi movido por interesses e Jesus sabia disso. Por isso, ele aproveitou a oportunidade para ensinar. Jesus viu que os convidados para essa refeição eram pessoas que, de alguma forma, poderiam oferecer algo em troca, recompensar o suposto ato de gentileza, como fazem mais escancaradamente os políticos e candidatos a cargos políticos. Temos, assim, o conselho de Jesus ao chefe dos fariseus e a todos nós: quando formos oferecer um almoço, ofereçamos a quem não pode retribuir, pois a retribuição virá de Deus e esta, sim, será a recompensa que satisfará a nossa alma. Somente assim seremos felizes, diz Jesus. Enquanto estivermos oferecendo algo a quem igualmente poderá retribuir, como, por exemplo, amigos, irmãos, parentes, vizinhos ricos, enfim, pessoas que não precisam, tudo isso não passará de simples relações sociais, convencionais, de trocas. Mas se queremos que essas relações ultrapassem o âmbito social e cheguem até Deus, devemos convidar os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos, em suma, os excluídos,os que jamais poderão oferecer recompensa pelos nossos atos. Nesses casos, é Deus quem nos dará a recompensa e assim obteremos a felicidade verdadeira, pois atos humanamente desinteressados nos são creditados como justiça e o Senhor nos recompensará na ressurreição dos justos. Assim, entendemos melhor o que Paulo quis dizer na primeira leitura ao falar da  sabedoria e da ciência de Deus. Cabe a nós entregar a nossa vida a ele com fé e confiança, sem querer entendê-lo com a razão, mas com o coração, prestando-lhe louvor e glória para sempre. Esses louvores consistem em acolher os que são desprezados e em ajudar os necessitados. A melhor homenagem que oferecemos a Deus é amparar os filhos e cuidar com amor e carinho da obra da criação.


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