Reflexão do 3º Domingo do Advento Ano C - Sf 3,14-18a • Sl (Is 12) • Fl 4,4-7 • Lc 3,10-18

 


A alegria faz parte da esperança

A Palavra enfoca hoje o testemunho de João Batista. João Batista vive o comportamento que deve ser o das testemunhas de Jesus Cristo. A missão de quem testemunha o Cristo é de levar boas notícias (Evangelho) naos sofredores, ultrajados, prisioneiros por toda sorte de injustiças. Além da denúncia de tal situação, a testemunha anuncia a chegada de novos  tempos, com o projeto do Pai. Jesus propôs um novo estilo de vida na fraternidade dos filhos e filhas de Deus. Viver essa fraternidade é o testemunho de hoje. Porque, sem o testemunho de vida dos discípulos, nenhuma proposta será aceita. Por isso é que se diz que é o testemunho que dá credibilidade à proposta do mestre. João Batista traz uma evidente mensagem de alegria. Nós, o novo povo de Deus, já sabemos que o Messias veio e confirmou que Deus é fiel e cumpre suas promessas. A própria comemoração do Natal, dentro de poucos dias, nos faz lembrar do cumprimento das promessas. O Natal garante também que, assim como Deus cumpriu a primeira promessa de enviar o Salvador, ele cumprirá a segunda promessa de um “novo céu e uma nova terra”. O profeta João Batista é a grande figura também neste domingo. O terceiro domingo do Advento provoca-nos à alegria da esperança de que ele é a garantia de um novo mundo que o Pai prepara para seus filhos no final dos tempos. Tudo é a alegria do novo, novo e bom, que faz o povo feliz! E João Batista? João Batista é tido como profeta rigoroso. Como ele pode anunciar alegria com tantas e tamanhas exigências que prega ao povo? O próprio Jesus dá testemunho e garante que João está muito certo naquilo que diz e faz. Sem meias palavras, Jesus afirma que João Batista é o maior dos nascidos de mulher. Em plena proximidade do Natal, como a liturgia nos traz João Batista? Pois ele não foi enviado para preparar a chegada do Messias, naquele tempo? O que significa a mensagem de João em nosso tempo? Muito pode ser aplicado ao nosso tempo, aliás, tudo. Precisamos levar em consideração que João Batista foi o profeta que falou ao povo já no fim do Antigo Testamento. Ele anunciou o Messias já presente entre o povo. Os demais profetas anunciavam o Messias que haveria de vir; João anunciou o Messias já presente. Portanto, João não falou de si próprio: falou do Messias presente. Falar do Messias presente, pois, não era um anúncio de catástrofes. João anunciava que era necessário o povo aceitar um projeto novo para a humanidade. Em que consiste o novo? O novo da pregação de João era anunciado em expressões como: “preparar os caminhos, aplainar as montanhas e os vales, endireitar as veredas”. Tais expressões significavam que era preciso organizar outra maneira de as pessoas se relacionarem entre si. Este novo do anúncio de João seria, depois, proclamado por Jesus Cristo: uma humanidade unida como a grande família em que Deus é Pai e nós todos filhos e filhas, irmãos e irmãs: o mandamento novo do “amai-vos uns aos outros”. João Batista não foi profeta de amedrontar o povo com ameaças de catástrofes, de fome, dor e destruição. O projeto de Deus não é desgraçar a vida do povo. Deus quer exatamente o contrário: libertar a vida do povo do ódio, da ambição, da exclusão, construindo um novo povo num mundo novo. Nós podemos ter uma pequena ideia do que sejam os profetas da desgraça que também existiram naquele tempo. Em nossos dias, aparecem pessoas que anunciam desgraças para o final do século e para o início do terceiro milênio. Pessoas que vivem de mal com a vida, sempre veem o lado pavoroso dos acontecimentos. Esses “falsos profetas” conhecem um deus que só convence por meio de ameaças e de castigos. Ora, o Deus de João Batista e de Jesus Cristo fará tudo novo pela transformação das pessoas, e não pela destruição. Deus não quer formar um povo de medrosos, mas de gente que aceita, com convicção, o novo de Deus. O novo de Deus é a proposta de construirmos desde já um mundo onde as pessoas se relacionem como irmãos porque são filhos e filhas do mesmo Pai. Pessoas com esse compromisso são pessoas alegres que baseiam sua alegria na esperança do mundo melhor. Nossa alegria, pois, não é apenas porque vamos ter dias de festa e confraternização pelo Natal que se aproxima. A alegria é por causa da festa de confraternização que nunca irá terminar, no mundo novo! A liturgia deste terceiro domingo do Advento convida para esperar com alegria o mundo novo que virá no final dos tempos. A alegria que brota da preparação do Natal é espelho do que será a grande alegria do mundo novo em Deus. Nós, portanto, não somos profetas do medo e das calamidades. Nossa esperança é companheira no compromisso de ir já tentando experimentar neste mundo o que será o novo mundo: paz e felicidade entre irmãos e irmãs, no amor do mesmo Pai. O “novo céu e a nova terra” já estão em construção, pela nossa adesão ao projeto de fraternidade anunciado por Jesus Cristo. O próximo Natal de Cristo desperta em nós alegria muito grande, porque aquilo que foi iniciado no Natal será completado no final dos tempos. Essa é a nossa esperança e a razão de nossa alegria.

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