Reflexão - Festa do Batismo do Senhor | Domingo

 


Ser batizado é ter um coração misericordioso e integrador, como o de Jesus. De acordo com esse coração que é reflexo do amor do Pai, justiça não é manter as pessoas excluídas por causa de seus erros, mas justiça é transformá-las em filhas de Deus, assim como aconteceu e acontece com cada um de nós.

O batismo marca a conclusão da vida oculta de Jesus em Nazaré e o início da sua vida pública. É um evento narrado pelos três evangelhos sinóticos (cf. Mt 13,13-17; Mc 1,9-11; Lc 3,21-22), o que atesta sua importância. A versão de Mateus, lida nesta liturgia, é, sem dúvida, a mais rica, como veremos a seguir. Além de ser o marco inaugural do ministério de Jesus, o batismo é um evento salvífico e programático. Nesta cena tão curta, o evangelista revela a identidade de Jesus e antecipa as principais diretrizes da sua missão.

Ao dizer que Jesus foi da Galileia para o Jordão a fim de ser batizado (cf. v. 13), o evangelista não pensa apenas num movimento físico, mas na essência da missão do Messias. Ora, o batismo de João era destinado aos pecadores, e Jesus não tinha pecado. Indo ao encontro de João para ser batizado, Jesus está sendo solidário com os pecadores de todos os tempos e antecipando quais serão os destinatários primeiros da sua missão: os pecadores, as pessoas mais necessitadas e marginalizadas, sobretudo pela religião.

Mateus é o único evangelista que relata o diálogo entre João e Jesus no momento do batismo (cf. vv. 14-15), e isso imprime uma riqueza ímpar à sua obra. Nesse diálogo, cada um reconhece a vocação e a missão do outro, e ambos se sentem inseridos num mesmo projeto de salvação. O protesto de João é o reconhecimento de que Jesus não tinha pecados e de que é ele o autor do verdadeiro batismo (cf. v. 14). As palavras de Jesus, suas primeiras no Evangelho de Mateus, contêm a síntese programática da sua missão: o verbo “cumprir” e o substantivo “justiça” (v. 15). Essas duas palavras sintetizam o projeto de salvação de Deus que Jesus veio realizar. “Cumprir” não significa simplesmente executar ações, mas levar à plenitude, fazendo bem-feito; “justiça”, biblicamente, é a conformidade à vontade de Deus, levando sempre em consideração sua predileção pelos pobres e marginalizados.

A abertura do céu e a descida do Espírito Santo pousando sobre Jesus (cf. v. 16) significam a comunhão plena entre o divino e o humano que o Cristo veio realizar; é a reconciliação entre o céu e a terra, ou seja, entre Deus e a humanidade pecadora. A voz do Pai que ressoa do céu é a confirmação disso (cf. v. 17). O Pai pôs seu agrado no Filho porque sabe que este realiza plenamente sua vontade. Toda a vida de Jesus foi caracterizada pela solidariedade e pelo amor, sobretudo para com os pecadores, e é nisso que consiste o cumprimento da justiça e da vontade do Pai.

 

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